terça-feira, 24 de agosto de 2010

Tarzan nos Traços de Joe Kubert

Em meio a uma onda cultural comandada por milaborantes super-heróis dos quadrinhos, poucos sabem que um dos principais personagens do gênero no passado tinha características bem simples. Sem poderes ou apetrechos estilosos, Tarzan vivia diversas aventuras na selva africana. O início dessas histórias chega a uma nova geração de leitores com Tarzan - A Origem do Homem-Macaco e Outras Histórias (Devir Livraria, 208 págs., R$ 49).

O livro mostra as origens da famosa figura criada pelo escritor norte-americano Edgar Rice Burroughs (1875-1950) no início do século 20. O mito do homem-macaco é recontado de maneira hábil pelo roteirista e desenhista Joe Kubert, uma lenda viva do mundo dos quadrinhos responsável também por grandes momentos de personagens como Sargento Rock, Batman e Flash.

Esta versão é um dos trabalhos mais marcantes de Kubert, que começou a se apaixonar por quadrinhos graças a tiras do personagem que eram publicadas no início dos anos 1930 em um jornal de Nova York."Minha intenção ao fazer Tarzan era injetar a emoção e a proximidade que senti quando li suas histórias pela primeira vez. Eu me esforcei ao máximo para recapturar a realidade que fora tão intensa para mim", explica o desenhista na introdução.

Com todas as páginas coloridas, os diferentes tons e contrastes dão ainda mais vida à selva. O dinâmico roteiro de Kubert é bem acompanhado por seu trabalho gráfico e mostra porque essa fase do personagem é tão reverenciada pelos fãs e pela crítica.Os leitores acostumados a heróis com os mais absurdos superpoderes e a tramas intergalácticas têm a oportunidade de compreender o motivo de Tarzan ser aclamado como o Rei da Selva. As páginas levam o público à selva africana, onde um casal inglês se instala após problemas em viagem que apenas lhes mostraria parte da vida selvagem. Ainda bebê, John Clayton III ­ nome verdadeiro do herói ­ é raptado por um grupo de macacos e cresce em meio a sua nova família.

Enquanto aprende a lidar com as dificuldades e os conflitos que a floresta lhe impõe, Tarzan se vê em meio a pequenas aventuras. Entre seus inimigos estão outros macacos, leões, elefantes, panteras e jacarés, além de integrantes de tribos locais. Também é possível saber como ele conheceu sua companheira Jane.

As quatro primeiras histórias pertencem ao conto A Origem do Homem-Macaco, com as três últimas tramas tendo os subtítulos A Vingança de Um Filho, Uma Companheira Para Tarzan e Civilização, todas destinadas a apresentar o personagem aos leitores. Completam a publicação outras quatro aventuras, todas publicadas originalmente em 1972.

A edição luxuosa conta também com pequenas biografias do autor e desenhista e de Edgar Rice Burroughs. Complementa o trabalho um ótimo texto do especialista em quadrinhos Leandro Luigi Del Mano sobre a vida de Tarzan no mundo das HQ's.

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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Stallone e Uma Legião de Heróis de Ação

Em uma realidade cinematográfica repleta de efeitos especiais e onde a indústria busca formas de fazer com que o público não deixe de ir ao cinema, os velhos filmes de ação parecem não encontrar espaço. Mas Sylvester Stallone não quis saber das dificuldades e retorna para o gênero que o consagrou com Os Mercenários­.

O filme aposta na popularidade de grandes astros dos longas de pancadaria de diferentes décadas e tem chamado atenção por confusões longe das telas. Uma delas é a declaração de Stallone, que disse que no Brasil "pode-se explodir o País inteiro e eles (no caso, nós) vão dizer 'obrigado'". Ele precisou se retratar.

Stallone é responsável pela direção, parte do roteiro ­ que assina ao lado de Dave Callaham
­ e por estrelar a produção no papel de Barney Ross, líder de um grupo de mercenários altamente treinado para encarar os mais complicados problemas. Nas missões, ele tem a ajuda de Lee Christmas (Jason Statham), Yin Yang (Jet Li), Hale Caesar (Terry Crews) e Gunnar Jensen (Dolph Lundgren), além de contar com conselhos do antigo companheiro de batalha Tool (Mickey Rourke, em uma das poucas boas atuações do filme) em seu estúdio de tatuagem que funciona como espécie de quartel general para os mercenários.

Eles são contratados por Church (Bruce Willis), um representante daCIA, para matar o general Gazar, líder de regime opressor na pequena ilha de Vilena, na América do Sul. Os cenários que a retratam foram filmados no Rio de Janeiro no início do ano passado. Conforme avalia o terreno onde está se metendo, Ross descobre que o trabalho envolve muito mais do que acabar com o ditador. Em meio a tiros, perseguições e explosões, ele conhece Sandra (a brasileira Giselle Itié, que convence mais com suas falas em espanhol do que em inglês), filha de Gazar e que briga pela liberdade do povo do local.

O excesso de testosterona que ronda Os Mercenários deve agradar quase que exclusivamente ao público masculino. Somente o fato de que ícones másculos do passado, como Stallone, Lundgren, Rourke e Willis, se encontrem com heróis mais recentes, casos de Li e Statham, basta para garantir parte da bilheteria.

Destaque para a emblemática cena na igreja com Stallone, Willis e o convidado especial Arnold Schwarzenegger, capaz de fazer qualquer fanático por filmes de ação se mobilizar por completo em prol da atração. Ainda nos dias de hoje, o trio é lembrado como os representantes maiores do gênero, com filmes como Rambo, a cinessérie Duro de Matar e os diversos O Exterminador do Futuro, respectivamente.


A impressão que fica é de que nem mesmo o diretor levou o filme a sério, buscando resgatar o clima presente em seus antigos sucessos e os trabalhos de seus parceiros da velha guarda. Momentos de comédia são inevitáveis para dar ritmo aos tiroteios e matanças, com algumas ótimas tiradas, entre elas uma referência às pretensões políticas de Schwarzenegger e a brincadeira sobre a baixa estatura de Jet Li.


As novas gerações devem conhecer o elenco apenas por meio de clássicos quenão param de se repetir em sessões durante a tarde na televisão, podendo haver curiosidade de como os atores estã
o atualmente. A recomendação é deixar as mulheres de lado e chamar os amigos para uma sessão de nostalgia com o melhor (ou pior) que o cinema de ação pode oferecer.

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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Por Dentro da Pixar

As histórias emocionantes, os personagens carismáticos e as imagens impressionantes das produções dos estúdios Pixar não surgem por mera sorte. A empresa norte-americana emprega conceitos em sua rotina que fazem com que o trabalho de seus empregados não tenha a característica de emprego comum. O segredo de seu sucesso é revelado em Nos Bastidores da Pixar – Lições do Playground Corporativo mais Criativo do Mundo (Editora Saraiva, 184 páginas, R$ 44,90).

Escrito por Bill Capodagli e Lynn Jackson, o livro tenta provar porque os trabalhos da Pixar são diferenciados e agradam a todo tipo de público. Conforme as páginas passam, é perceptível que uma das principais características da companhia de animação é de que seus funcionários são adultos que não perderam a criatividade que tinham quando criança.

Nada representa tanto essa descrição quanto John Lasseter, gerente-executivo de criação dos Estúdios de Animação Pixar e Disney. Conhecido por suas camisas com imagens de desenhos animados, esteve envolvido com todos os filmes do estúdio: Toy Story (1995), Vida de Inseto (1998), Toy Story 2 (1999), Monstros S.A. (2001), Procurando Nemo (2003), Os Incríveis (2004), Carros (2006), Ratatouille (2007), Wall-E (2008), Up – Altas Aventuras (2009) e Toy Story 3 (ainda em cartaz e que acaba de se tornar na animação com maior rentável de todos os tempos).

Buscando a perfeição nas telas, o playground não tem pressa para levar suas novidades para as telas. “(...) a qualidade é o melhor de todos os planos de negócios”, diz Lasseter.

Ao longo dos anos, o chefe soube criar nos prédios localizados em Emeryville, na Califórnia, ambiente estimulante para roteiristas, animadores e desenhistas – todos escolhidos a dedo.

Os monótonos escritórios comerciais são deixados de lado para dar lugar a gigantes casas de bonecas, salas temáticas e corredores onde há figuras gigantes de personagens como o caubói Woody, o monstro Mike Wazowski, o robozinho Wall-E e a luminária Luxo Jr., símbolo da Pixar. Doces ficam à vontade para ser degustados e, caso o funcionário não esteja estimulado, ele pode dar um mergulho na piscina instalada no complexo.

Seguem algumas imagens do local:






O estilo moderno de administração muito se assemelha ao projeto organizacional bolado por Walt Disney (1901-1966), ídolo maior de Ed Catmull, cofundador do estúdio e presidente. Segundo Catmull, o objetivo do trabalho é fazer com que o público tenha a melhor experiência possível por muitos anos.

“(...) o teste definitivo para saber se John e eu conseguimos atingir nossa metas será a Pixar e a Disney continuarem a produzir filmes de animação que toquem a cultura mundial de forma positiva, muito tempo depois que tenhamos ido embora”, ressalta Catmull.


O livro funciona mais como guia para empresas e serve para inspirar futuros investidores. Os amantes das animações aproveitarão mais o Apêndice 2, nos quais os autores listam curiosidades da fábrica dos novos contos de fadas.

Entre os fatos revelados, está o de que o Bill Murray era o escolhido para dublar o patrulheiro espacial Buzz Lightyear, mas o ator perdeu os telefones dos diretores da Pixar e o papel acabou caindo nas mães de Tim Allen; e que o número original do potente Relâmpago McQueen seria 57, em homenagem ao ano de nascimento de Lasseter, porém a numeração do carro mudou para 95 em referência ao ano de lançamento de Toy Story, primeiro filme do estúdio.

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