sábado, 29 de janeiro de 2011

Na Busca Pelo Oscar 2011

A corrida pelo ouro começou em Hollywood. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou na manhã de ontem os indicados para o Oscar deste ano. Sem surpresas e em tom formal, os nomes e títulos foram divulgados e as apostas para saber quem será o vencedor borbulham em todo o mundo.

O respeito por produções britânicas foi mantido com as atenções voltadas para O Discurso do Rei. Com previsão de estreia no País em 11 de fevereiro, o longa concorre a 12 prêmios, entre eles o de melhor filme e o de melhor ator para o favorito Colin Firth.

Seu principal concorrente na briga pelo título de melhor produção de 2010 é o interessante A Rede Social - também conhecido como ‘o filme do Facebook''. A lista também traz Cisne Negro, Bravura Indômita, 127 Horas, Inverno da Alma, O Vencedor, A Origem, Minhas Mães e Meu Pai e a ótima animação Toy Story 3. Como conjunto da obra, é possível que a trajetória da popular rede da internet vença.

O instigante trabalho como ex-boxeador viciado em crack em O Vencedor parece não deixar espaço para que concorrentes tirem de Christian Bale o Oscar de ator coadjuvante.

Na disputa de melhor atriz, a elogiada Natalie Portman, de Cisne Negro, sofre pressão da atuação de Annette Bening em Minhas Mães e Meu Pai, mas são baixas as chances de haver surpresa.

Ambas do elenco de O Vencedor, Amy Adams e Melissa Leo surgem como bons nomes para melhor atriz coadjuvante, tendo a última atuação superior no filme.

A Rede Social também desponta como grande nome para dar a David Fincher seu primeiro Oscar de melhor diretor. A perspicácia em extrair de um fenômeno cibernético história recheada de intrigas e conflitos humanos tem sido bem vista pelos integrantes do júri que participam também da votação de outras respeitadas premiações.

O Brasil será representado por Lixo Extraordinário, produção feita em parceria com o Reino Unido e que mostra trabalho social feito pelo artista plástico Vik Muniz. O projeto está entre os cinco finalista de melhor documentário em longa-metragem.

A lista completa com todos os indicados pode ser vista no site oficial do evento.

No dia 27 de fevereiro, quem ganhar o Oscar verá sua vida mudar. E é o sonho de todos sofrer esse tipo de mudança em suas carreiras.

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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Amor Ainda é Uma Droga Perigosa

O nome pode até sugerir algo mais ousado e pesado, mas Amor e Outras Drogas segue a mesma linha leve de outras produções do gênero. A comédia romântica, que estreia hoje no Brasil, diverte ao misturar o competitivo ramo farmacêutico com o drama pessoal da personagem principal.

Muito do sucesso do filme se deve ao charme do elenco. Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway são símbolos de uma nova geração talentosa e com ‘molde’ que agrada homens e mulheres. A química entre os dois é perceptível desde cenas em que dividem a cama até quando discutem sobre os rumos do inesperado relacionamento.

O diretor Edward Zwick (O Último Samurai e Diamante de Sangue) mostra que ainda guarda a sensibilidade dos tempos de Lendas da Paixão (1994) em sua nova obra sobre o amor. Sem grandes problemas, o cineasta consegue administrar o encontro de Jamie com Maggie no meio da década de 1990.

Aos 26 anos, a garota lida com o primeiro estágio do mal de Parkinson. A doença faz com que se importe apenas com o presente e não veja possibilidade de sua vida ter espaço para um duradouro relacionamento.

Jamie pouco se importa com o estado de Maggie e os dois iniciam quentes encontros. Em paralelo, o rapaz começa a se dar bem com a venda de um revolucionário medicamento que chega ao mercado e promete acabar com a impotência masculina.

Amor e Outras Drogas tem chamado a atenção por cenas nas quais os atores aparecem seminus, mas a liberdade juvenil do casal é ponto bem administrado pelo diretor. O objetivo é demonstrar que o amor é livre – e sempre acompanhado de pitadas de rock e drogas (no caso, caixas de remédios).

Ao contrário do que se possa imaginar, a redenção apresentada na tela não é a do garanhão que encontra o amor verdadeiro. O foco se vira para o drama médico vivido por Maggie, em outra atuação convincente de Hathaway. A repulsa por um portador de Parkinson se mostra mais forte de dentro da própria personagem. Ao não se permitir viver, ela cria barreira para que os outros não se aproximem demais. Seu novo companheiro lhe serve como chave para um novo mundo repleto de possibilidades e, é claro, amor.

Tudo parece meio grudento e dramático demais. O tom não é esse. O título traz questões mais profundas, mas não sem ter o melodrama de outros filmes.

O amor é assim: simples e complicado ao mesmo tempo. E o longa segue a cartilha.

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Homenagem ao Legado de The Spirit

A história dos quadrinhos se mistura com a carreira de Will Eisner (1917-2005). O venerado quadrinista norte-americano foi o responsável por criar conceitos, definir parâmetros e por inspirar gerações e gerações de garotos a crescerem e ter como objetivo o trabalho com as HQs – e se tornar o mais próximo possível do mito.

Muito da veneração de todos pele obra de Eisner se deve a criação do personagem Spirit. O ícone dos quadrinhos é homenageado com diversas releituras de qualidade em The Spirit – As Novas Aventuras (Devir Livraria, 128 páginas, R$ 41 – edição com capa de brochura – e R$ 53 – versão com capa dura).

O livro reedita histórias lançadas originalmente em 1998. Apesar da presença do herói, a criatura mais famosa de Eisner acaba ‘emprestada’ para outros respeitados nomes do gênero. Alan Moore, Dave Gibbons, Neil Gaiman, David Lloyd, Moebius e Kurt Busiek, entre outros, revelam suas versões para o protetor de Central City.

As 11 aventuras apresentadas mostram diferentes visões sobre Denny Colt e seu alter ego. Não ficam de fora dos contos figuras como o Comissário Dolan, sua filha Ellen e o vilão Dr. Eugene Cobra, além do cemitério de Wildwood. Os artistas só não podiam matar ou casar o personagem. Cada um presta sua homenagem ao ídolo sem ousadas mudanças – provavelmentre devido ao medo que enfrentaram de ter de apresentar o trabalho a Eisner, conhecido por não gostar muito que sua criação seja tomada por outras mãos.

“O desejo entre muitos artistas e roteiristas de ‘brincar na caixa de areia do Spirit’ foi algo que minou sua (Eisner) resistência. Em 1997, ele decidiu que não tinha nenhum problema deixá-los brincar”, conta Denis Kitchen, responsável pela coletânea especial. “Ele especificamente desencorajou os artistas a tentarem imitar seu estilo, e encorajou os criadores a manterem seu próprio olhar gráfico, porém idiossincrático.”

É interessante observar como uma mesma ideia pode gerar diferentes possibilidades. Enquanto Alan Moore busca ressaltar a origem do herói mascarado e vislumbra o futuro de sua cidade, Neil Gaiman aposta no olhar de um personagem secundário sobre as ações do protagonista. Outro destaque fica por conta da versão bem-humorada e um pouco mais idosa de Spirit pelo roteirista Jim Vance.

A diversidade de traços também chama atenção. Alguns quadros feitos por Dave Gibbons lembram muito a arte da graphic novel Watchmen e caem muito bem com o universo criado na década de 1940. Ilustrações com tom mais moderno e arredondados caracterizam o trabalho de Brent Anderson em O Samovar de Shooshnipoor.

A presença de Eisner na publicação está em seus desenhos chamados de pinups, espécie de quadros do herói. A fascinação por Spirit continua após 70 anos e sua importância será reconhecida para sempre.

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

São Paulo na Visão de Um Peixe

A vida em São Paulo não é feita apenas de diversão e felicidade. As ruas da cidade são frias o bastante para que seus moradores sejam muito ranzinzas e rudes. É por essa visão da realidade que segue Peixe Peludo (Conrad, R$ 24,90, 96 páginas), obra que faz da escassez de sensibilidade a porta de entrada na cena underground paulistana.

O livro já chama a atenção por seu protagonista: um peixe corcunda e repleto de pelos que gosta de tocar trompete. Seu jeito sério e a falta de paciência faz com que elabore interessantes observações sobre o que ocorre ao seu redor.

O sarcasmo é espalhado por diversos temas. O mundo artístico, a culinária urbana, a influência dos meios de comunicação, e - não poderia ser deixado de lado - os rumos dos relacionamentos são comentados como bêbados conversando em uma mesa de bar.

As referências a lugares de São Paulo são ingredientes diferenciais na obra. O personagem passeia pela Praça Roosevelt, passa a frente do Espaço dos Satyros 1 e do Teatro do Ator, anda sob viadutos e chega até a icônica Rua Augusta após passar mal com um lanche do famoso ‘churrasco grego''.

Peixe Peludo é uma criação de Rodrigo Bueno, responsável pelas ilustrações em preto e branco, e Rafael Moralez, que assina o roteiro. Com o livro, a dupla faz sua estreia em histórias em quadrinhos.

A opção por um peixe como o anti-herói do livro mostra o quão sujo pode ser o morador da Capital paulista. Mas não que isso seja uma coisa necessariamente ruim, mas representa que o conto de fadas na metrópole pode não ocorrer para todos. Os autores afirmam que a obra foi inspirada nas piores ressacas.

Às vezes, a embriaguez relata mais a verdade do que se imagina.

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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Encontro de Jolie e Depp Decepciona

A união dos atores mais populares da década faz de um filme um campeão de marketing. Somente a presença dos atores no set de filmagem é capaz de gerar diversos comentários e notícias que circulam pelos meios de comunicação e atrelam o acontecido ao nome da produção. Esse parece ser o principal erro em torno de O Turista, que estreia hoje nos cinemas brasileiros.

O longa-metragem tem como principal trunfo o poderoso elenco encabeçado por Angelina Jolie e Johnny Depp. Os atores se tornaram grandes ícones de Hollywood a partir de grandes sucessos de suas carreiras desde os anos 2000 e do grande apreço dos críticos e do público por seus trabalhos.

O sonho de juntá-los em um mesmo título caiu nas mãos do diretor Florian Henckel von Donnersmarck, que parece ter ficado refém da fama de suas estrelas e esqueceu-se de ter como base um interessante roteiro.

O filme mostra Elise (Jolie) sendo acompanhada de perto por agentes da Interpol que investigam seu relacionamento com o procurado ladrão Alexander. Durante viagem para Veneza, ela conhece o professor de matemática Frank (Depp). Ele acaba sendo confundido com o antigo companheiro de Elise e ambos entram em trama envolvendo perseguições, a polícia e um perigoso vilão.

Nada muito criativo do que outras histórias já apresentadas nas telas. Pouco bastava para que O Turista fosse um sucesso, mas o esforço demonstrado na tela não o ajuda em nada. Os passos dados por Elise e Frank não conseguem prender o espectador na cadeira – mesmo a duração não chegando a duas horas, o que deveria ter dado maior ritmo aos acontecimentos.

Um dos destaques é a paisagem de Veneza. A bela cidade italiana cai muito bem em enredos protagonizados por espiões e bandidos procurados. O insinuante cenário tem todas as características que fazem o elenco mostrar o motivo de ser tão queridos pelo público.

O charme presente em Veneza se mistura ao de Jolie e Depp e comprova que chamam a atenção por onde quer que passem. Ao encher os olhos de quem assiste a obra, o diretor tenta recuperar fôlego que não existe em sua produção.


Atualmente marcado por dar vida ao engraçado Capitão Jack Sparrow, da cinessérie Piratas do Caribe, Depp faz atuação contida demais. Sua estonteante companheira de trabalho reprisa ‘carões’ que não caem bem com a personagem em questão. Em resumo: ambos os astros não se esforçam para fazer do longa um filme melhor.

Mesmo não tendo sido bem recebido pela crítica norte-americana, O Turista tem figurado na lista de algumas importantes premiações do gênero. A impressão que fica é de que pouco importa o motivo do título estar entre os concorrentes, desde que a dupla principal possa ser vista desfilando no tapete vermelho.

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Gaiman e Sua Obra-Prima Juvenil

Neil Gaiman é conhecido do grande público por seus trabalhos cheios de referências fantásticas e com histórias extremamentes criativas. Apesar da maioria de suas obras serem voltadas ao público adulto, um de seus contos mais populares é destinado aos leitores juvenis. Após ser levado aos cinemas em animação stop-motion em 2009, Coraline (Editora Rocco, R$ 48, 188 páginas) ganha versão em graphic novel que mantem o clima de fantasia e terror do livro original.

O universo das histórias em quadrinhos sempre pareceu um terreno seguro para uma adaptação do conto do escritor inglês. Muitas ideias de Gaiman parecem fáceis de serem imaginadas ganhando as mais instigantes ilustrações. Momentos como a casa que começa a se desmanchar e quando os ratos que se reúnem para personificar um homem são exemplos dessa bem-sucedida tradução.

Caso você ainda não conheça Coraline, ela se muda com a família para um antigo casarão que, de tão grande, também conta com outros moradores excêntricos que não conseguem acertar a pronúncia do seu nome. O espírito aventureiro da garotinha a leva até uma misteriosa porta que não leva a lugar algum. Durante uma tarde chuvosa e entediante, Coraline decide abrí-la e descobre que se trata de uma espécie de portal para uma realidade estranha comandada por seus 'outros' pais.

A adaptação para a HQ fica a cargo do quadrinista P. Craig Rusel, parceiro antigo do autor e com ilustrações em obras como Mistérios Divinos e a série Sandman. Os desenhos conseguem misturar realidade e fantasia para distinguir os dois mundos. Enquanto tons pastéis caracterizam o universo real, o sombrio e o colorido dividem espaço nos quadros que retratam a vida além da porta misteriosa.

O ótimo trabalho de Rusel lhe rendeu o Prêmio Eisner - o maior da categoria -­ de melhor publicação para o público adolescente na edição do ano passado. Ao elaborar um pequeno conto para sua filha Holly, Neil Gaiman descobriu que as possibilidades das histórias infantis também são infinitas.

O escritor consegue passar a mensagem de que é preciso ter cuidado com o que se deseja de maneira intrigante e que consegue agradar crianças e adultos. Destaque para pequenas tiradas sutis e alguns aspectos cruéis apresentados na trama. Não à toa Coraline chegou às telas de cinema e, agora, às páginas dos quadrinhos.

Sem grandes pretensões, Gaiman criou uma das mais populares histórias juvenis contemporâneas.

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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Cinema e moda se encontram no CCBB

O cinema sempre chamou a atenção por apresentar - e lançar - nos filmes as mais diversas tendências da moda. A possibilidade de histórias se passarem em épocas antigas, no presente ou em qualquer ano do futuro, faz da sétima arte fonte inesgotável para o universo fashion ser discutido.

A união entre as obras cinematográficas e o mundo das passarelas é apresentada na mostra especial Cinema de Moda, que abre hoje (18/01) no Centro Cultural Banco do Brasil (Rua Álvares Penteado, 112. Tel.: 3113-3651), em São Paulo. As atividades seguem até o dia 30 e a entrada é franca, sendo necessária a retirada dos ingressos com uma hora de antecedência na bilheteria do local.

A eclética programação conta com 30 produções de diferentes épocas e estilos. Clássicos se misturam a obras contemporâneas e filmes populares dividem espaço com cults. Não falta a presença de grandes ícones que fizeram de seus figurinos algumas das roupas mais famosas de todos os tempos, casos de Audrey Hepburn, Jane Fonda, James Dean, Diane Keaton e Nicole Kidman.

A programação da mostra abre hoje a tarde, a partir das 15h30, com exibição de Bonequinha de Luxo (1961), do diretor Blake Edwards. Na cidade de Nova York, a garota de programa Holly (Hepburn) tem o sonho de casar-se com um milionário mesmo que tenha de renegar o amor pelo escritor Paul. O filme foi responsável por fazer do vestido preto usado pela protagonista um dos mais desejados pelas mulheres.

Outra sessão de estreia de Cinema de Moda é o filme The Rocky Horror Picture Show (1975), às 17h30. Com direção de Jim Sharman, o título mistura bizarras situações com personagens não menos estranhos para mostrar as desventuras de um casal que visita bizarro castelo atrás de auxílio para o carro quebrado. O figurino mostrado em cena é referência para muitas fantasias utilizadas nas comemorações do Dia das Bruxas nos Estados Unidos.

O dia é encerrado com Across The Universe (2007), de Julie Taymor, às 19h30. O musical apresenta um retrato dos jovens da década de 1960 tendo como trilha sonora composições dos Beatles. História de amor entre Jude e Lucy é contada ao mesmo tempo em que ações anti-guerra que movimentam a sociedade acabam por separar o casal. O espírito libertário e o vestuário colorido da cultura hippie já renderam diversos filmes e a obra segue na mesma trilha.

Títulos como Juventude Transviada (1955), Barbarella (1968), Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), Moulin Rouge - Amor em Vermelho (2001), O Clã das Adagas Voadoras (2004) e Maria Antonieta (2006) completam a programação.

Além dos filmes, a mostra conta com palestras e mesas-redondas gratuitas que abordarão assuntos veiculados ao mundo da moda. Assim como nas sessões cinematográficas, os interessados devem retirar senha uma hora antes do início das atividades que desejarem participar. Uma das atrações mais esperadas é a apresentação do produtor cultural Fernando Zelman e do respeitado pesquisador João Braga no dia 25 (feriado em comemoração ao aniversário da Capital paulista), a partir das 16h30, onde irão falar sobre o tema A História da Moda na Cidade de São Paulo.

Há muito mais sobre a moda do que os chiques desfiles com belas modelos. Sua cultura vai muito além disso e encontra no cinema um de seus grandes aliados.

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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Disney Quer o Oscar de Melhor Filme

O anúncio dos indicados aos prêmios do Oscar deste ano ocorre no dia 25, mas as produtoras já começaram a se movimentar para ver seus títulos na lista da Academia de Cinema de Hollywood. Uma das principais campanhas que têm chamado a atenção do público - e, quem sabe, dos integrantes do júri - envolve Toy Story 3.

Apesar da animação ser voltada em grande parte para as crianças, muito se fala sobre sua indicação a estatueta de melhor filme. Caso isso ocorra, terá chances para brigar com reais forças pelo envelope com seu nome.

Lançado em junho, o longa-metragem do diretor Lee Unkrich encerra a saga iniciada em 1995 com o primeiro filme envolvendo a parceria Disney/Pixar. Muitos anos se passaram desde o filme original e o jovem Andy se prepara para ir para a faculdade. Sem tempo para divertidas aventuras com caubói Woody, o astronauta Buzz Lightyear e companhia, os brinquedos acreditam que viverão nova vida na creche Sunnyside. Mas o local apropriado para as brincadeiras com as crianças não é tão perfeito quanto parece.

Toy Story 3 vai além de apenas mais uma obra Disney. Cheio de nostalgia e carregado com fortes doses de sentimentalismo, a animação encerra um ciclo pelo qual uma geração inteira acompanhou o que ocorria no quarto de Andy enquanto ele não estava por perto. O estúdio parece entender esse significado e o transformou em uma das melhores produções cinematográficas do ano.

A opinião é a mesma de outros respeitados críticos internacionais e de importantes figuras do cinema, caso de Quentin Tarantino.

A campanha de marketing da Disney envolve diversos cartazes divulgados nas páginas das principais publicações de entretenimento dos Estados Unidos. A ideia é remeter algumas cenas do longa a outros grandes títulos que venceram o Oscar de melhor filme em edições anteriores.

Sindicato de Ladrões (1954), O Silêncio dos Inocentes (1991), Titanic (1997), Shakespeare Apaixonado (1998), O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei (2003) e Quem Quer Ser Um Milionário? (2008) são citados nos trabalhos publicitários em meio a situações vividas pelos personagens. Os nomes aparecem sempre depois de "Não desde...".

A possibilidade do desenho animado figurar entre os indicados é grande, principalmente pelo fato de que, desde o ano passado, o número de selecionados para a categoria passou a ser de dez filmes. Na edição de 2009, a Disney/Pixar esteve presente na briga pela estatueta mais cobiçada do evento com UP - Altas Aventuras, dos diretores Pete Docter e Bob Peterson. A primeira vez que uma animação figurou na lista de melhor filme foi na edição de 1992, com A Bela e A Fera (1991).

Os desenhos animados ainda sofrem preconceito e, mesmo com alguns apresentando temáticas emocionais típicas do universo adulto, ainda são vistos apenas como voltados para o público infantil.


A Academia de Cinema de Hollywood precisa deixar de lado esse tipo de observação e levar em conta a arte por trás dos filmes. As engraçadas campanhas servem apenas para divertir.

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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Disney Retorna às Adaptações Literárias

Nos últimos anos, os estúdios Disney têm se voltado para aventuras criativas envolvendo grupos de brinquedos, peixes em alto-mar, uma família de super-heróis, carros circulando pelos Estados Unidos, robôs sentimentais e uma garçonete que sonha em abrir o próprio restaurante. A tradição de trazer às telas famosas princesas dos contos de fadas foi deixada de lado por um momento.

A magia do mundo do faz de conta é retomada em grande estilo com Enrolados, que chega hoje aos cinemas brasileiros. O filme traz com competência para as mais avançadas técnicas da animação uma das célebres personagens infantis do livros: Rapunzel.

A expectativa do público fã dos desenhos animados da Casa do Mickey é grande, assim como as da própria empresa. A Disney não poupou esforços para mostrar que ainda sabe adaptar fábulas literárias e especula-se que o orçamento do longa ultrapasse a cifra de US$ 200 milhões.

O filme dos diretores Nathan Greno e Byron Howard é caracterizado por ser o 50º longa-metragem de animação dos estúdios. De maneira a misturar a tradição com as novidades tecnológicas do século 21, a dupla dá vida a angelical protagonista por meio da computação gráfica e utiliza a tecnologia 3D na produção.

Apesar de todas as atenções estarem voltadas para Rapunzel, uma preocupação era com que Enrolados não ficasse ligado somente ao público feminino. O título original com o nome da princesa foi trocado para que os meninos também pudessem se sentir mais próximos da aventura. Atrair os garotos fica por conta do carisma do ladrão Flynn Ryder, que ajuda Rapunzel a deixar a torre na qual está presa para conhecer o mundo.

A mudança da abordagem certamente será um obstáculo para que ela figure em lembranças ao lado de ícones da ‘realeza infantil’ da casa como a Bela Adormecida, Cinderela e Jasmine.

Destaque também para o cavalo Maximus e o pequeno camaleão Pascal, responsáveis pelas principais tiradas cômicas da trama. Os momentos em que os quatro personagens se reúnem ditam o ritmo divertido com piadas que lembram o estilo pastelão.

A busca em unir o tradicional com o contemporâneo mostrado em Enrolados parece ser o caminho que a Disney quer adotar a partir de agora, com um sistema chamado de O Melhor Dos Dois Mundos. O passado e o futuro se encontram no presente.

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Fábula Urbana Sem Palavras

Além das belas ilustrações que chamam a atenção de todos que desviam o olhar para observar as imagens, as histórias em quadrinhos também dependem de uma interessante narrativa para se dar bem. O método mais comum é a utilização de diálogos entre os personagens, fazendo com que os leitores compreendam com exatidão os acontecimentos mostrados. Mas nem só de falas e escrita sobrevivem as publicações. Uma trama criativa e a simplicidade do roteiro foram o bastante para dar origem a Taxi (Independente, R$ 10, 32 páginas).

A obra do quadrinista Gustavo Duarte mostra que a máxima Uma Imagem Vale Mais Que Mil Palavras continua a ser verdadeira. O autor paulista não aposta em aventuras intergalácticas ou personagens superpoderosos que tem o trabalho de derrotar vilões maléficos. Ele tem como fonte de inspiração seu próprio cotidiano e as paixões pessoais. No caso, referentes ao desenhos e ao jazz.Com imagens em preto e branco, Duarte apresenta as pequenas desventuras de um músico que, ao chegar no local no qual irá se apresentar, lembra-se de ter esquecido sua case em um bar. Preocupado com o atraso, o jazzista pega um táxi que tem como motorista um simpático elefante vestido com calça, camisa e suspensórios. O que parecia ser uma corrida simples, acaba se tornando um conto com elementos divertidos e surreais. Não poderia faltar a inesperada surpresa para finalizar a HQ.

Tudo que foi resumido nos últimos parágrafos é contado sem nenhuma palavra presente nas páginas. Apenas alguns letreiros de locais e do próprio táxi são escritos. As ilustrações em sequencia foram pensadas com precisão para que o público possa acompanhar o enredo e não tenha dúvidas do que acabou de 'ler'. A estrutura dos quadrinhos lembra as tirinhas vistas em jornais. Detalhe para o título da obra, sem o acento agudo e se assemelhando mais ao mercado internacional. A escolha foi feita devido a ambição de Duarte de levar seu trabalho a diferentes países.
Alguns leitores podem achar que o trabalho tenha um ar infantil, mas é a imaginação do autor que caracteriza Taxi. A paixão pelo universo dos desenhos deixou a mente de Duarte aberta para transformar elementos infantis, caso da humanização de animais, em dose de humor certeira. É quase impossível não notar um sorriso sincero no rosto de quem o folheia.

Outra forte influência notada vem do jazz. O livro já é notado de forma diferente devido a seu formato de 20 x 20 cm, referência as capas de discos. A opção pela ausência de cores casa de forma positiva com o ritmo musical dançante. O figurino dos personagens e o ambiente remetem ao mundo vivido pelo jazzista que protagoniza a história. Apesar de dividirem espaço com outros personagens menores, a dupla principal tem carisma o bastante conquistar o leitor nas poucas páginas do livro.
"Os personagens, sempre muito bem escolhidos, delineados por um estilo elegante e preciso, transbordam carisma e carregam o leitor por toda a história", diz a apresentação da HQ. A viagem de táxi atrás de um case esquecida acaba por se tornar uma gostosa fábula.

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