O caminho mais ‘natural’ do entretenimento mostra diversas histórias em quadrinhos servirem como base para que outras centenas de produções cinematográficas apareçam. A popularidade das duas linguagens é enorme e sua união é comum. A surpresa atual é que contos nascidos nas telas estão se expandindo para as páginas das HQs.A saga Star Wars foi uma das precursores desse caminho dos filmes para as HQs. Os filmes em questão abrangem todos os estilos possíveis e não só ficção científica. O mais recente a ganhar versão desenhada é O Besouro Verde, do diretor francês Michel Gondry. Após ganhar um prelúdio, as ações do playboy Britt Reid e seu ajudante Kato agora seguem em sua própria publicação. A obra não foi lançada no Brasil e ainda não há previsão de chegar em nossas bancas.
Outra aventura que ganhou uma revista especial é Tron – O Legado, de Joseph Kosinski. O longa é continuação de Tron – Uma Odisséia Eletrônica (1982) e os acontecimentos dos mais de 20 anos que passam entre os dois títulos é apresentado em Tron – The Betrayal, também não lançado por aqui.
Algumas produções que estiveram presentes ontem na festa do Oscar também não ficam de fora da tendência. O western Bravura Indômita, dos irmãos Joel e Ethan Coen, mudou de universo quando a produtora do filme resolveu inovar a propaganda de seu lançamento no Reino Unido. A HQ True Grit – Mean Business tem como protagonista o xerife Marshall ‘Rooster’ Cogburn (vivido nas telas por Jeff Bridges) e mostra seu encontro com a pequena Mattie Ross em um tribunal. Seu diferencial é que ela somente existe no meio virtual, podendo ser baixada gratuitamente no site ComiXology.
Quem também aproveita a internet para se envolver com os quadrinhos é o inventivo A Origem, de Christopher Nolan. Inception – The Cobol Job se passa antes de toda a movimentação de Dom Cobb (papel de Leonardo DiCaprio) e sua equipe em implantar uma ideia na cabeça de um homem. Ele pode ser baixado neste link.
Esse tipo de movimentação mostra que Hollywood continua a ser uma grande indústria do entretenimento em geral.See You in The Other Post

A personagem explodiu entre 2005 e 2006, tempo em que seu blog se tornou conhecido na internet e o livro O Doce Veneno do Escorpião atingiu grande vendagem. Agora nas telas, a figura da menina que deixou a casa dos pais, passou por um pequeno privê e chegou até um luxuoso flat, onde recebia seus clientes, promete ser tão popular que é possível afirmar que Deborah Secco passará também a ser conhecida pelo nome de Bruna Surfistinha.
A presença da bela atriz no papel título é responsável – apesar de ela não desejar isso – por grande parcela dos holofotes voltados para a produção. Deborah não é exigida ao ponto de ter de desempenhar interpretação densa e marcante. Não que não possa chegar a tal ponto, mas sua personagem não pede esforço além da medida.
Em conversa com a imprensa, a atriz afirmou que o papel poderia apresentar um lado seu que poucos conhecem. O tiro sai pela culatra, já que suas cenas de nudez não param de chamar a atenção do público, principalmente o masculino.
O pecado de Bruna Surfistinha está em apostar que uma personagem fraca é capaz de sustentar uma grande produção. Não importa sobre quem fosse o filme, a história apresentada não é tão diferente de tantas outras já contadas.
A graphic novel utiliza a linguagem dos quadrinhos para apresentar fatos importantes da vida dos principais artistas envolvidos.
A segunda metade traz relatos mais breves sobre os beats menos conhecidos. Além de contar detalhes da criação dos conhecidos textos do universo underground, a HQ chama atenção por escancarar suas vidas pessoais. Problemas financeiros, o uso de drogas e bebidas, a liberdade sexual dos envolvidos e acidentes que resultaram na morte de pessoas próximas - sendo que algumas situações foram protagonizadas pelos próprios escritores recheiam as páginas da publicação.
Os Beats é um projeto encabeçado pelo polêmico quadrinista Harvey Pekar (1939-2010), também influenciado pelas ações dos beatniks. Em um de seus últimos projetos, ele assina a maioria dos roteiros dos diversos contos.
O roteiro tem como base um acidente vivido pelo alpinista norte-americano Aron Ralston em 2003. Quando escalava montanhas e cânions em Utah, atividade que estava acostumado a fazer apesar de não ser um profissional, o rapaz acaba escorregando e caindo em uma grande fenda. A queda faz com que seu braço direito fique preso em uma pedra. As 127 horas do título do filme remetem ao tempo em que o protagonista precisa lidar com sua situação limite.
Algumas pessoas já devem ter ouvido falar do que se passou com Ralston, mas poucos chegaram a imaginar seu sofrimento e angústia. O público acompanha os acontecimentos ao observar a performance de James Franco (indicado ao Oscar de melhor ator pelo trabalho) no papel do alpinista amador. A questão é que o rapaz demonstra ter carisma o bastante para não deixar a obra maçante, sendo que durante quase todo o tempo ele está sozinho diante das câmeras.
A maneira ágil como o inteligente cineasta administra o filme o torna bem mais dinâmico do que se espera da saga de uma pessoa presa em uma pedra. Muito desse estilo pode ser visto em seus outros filmes, casos do oscarizado Quem Quer Ser Um Milionário? (2008) e até mesmo o criticado A Praia (2000).
É angustiante, e também engraçado, observar que seus lamentos são feitos ao lado de rochas e no meio do nada, literalmente. Apesar de tudo, o controle do alpinista é prova de que o sedentarismo do ser humano pode ser seu principal inimigo em situação de vida ou morte.
Tudo começa com a notícia de que Pearl Harbor havia sido bombardeada pelos japoneses. A ação fez com que milhares de rapazes fossem chamados para ajudar seu país. O leitor acompanha o norte-americano Alan Cope desde seu alistamento, passando pelo duro treinamento nas bases militares e chegando até seu encontro com os inimigos dos Países do Eixo. O projeto se estende o bastante para mostrar também a retomada de sua vida no difícil período pós-guerra na América e na Europa.
A incrível jornada do protagonista é repleta de relatos abertos e, em certos momentos, sem importância. Mas são nessas análises desnecessárias que está o brilho da obra. Os problemas de higiene das tropas, as broncas sem sentido dos militares superiores, as fugas na madrugada para pegar comida, algumas complicações devido a bebidas e a amizade feita com os companheiros de batalhão são alguns dos temas tratados nas centenas de páginas.
Os comentários extremamente intimistas cercam o livro de personalidade e de empatia capaz de satisfazer curiosidades que muitas pessoas devem ter e que nunca pararam para tentar descobrir a resposta. As emocionantes memórias do ex-militar ganham força com as fotos das páginas finais.
O rápido convívio de apenas cinco anos entre os dois foi o bastante para o vasto arsenal de pequenos contos. As conversas (em francês) tidas desde 1994, ano no qual se conheceram, se transformaram nos capítulos publicados em uma revista francesa. Cope morreu em agosto de 2009 e não conseguiu ver a primeira edição original do livro. Com certeza deixou este mundo com a sensação de dever cumprido.
Caso você conheça pouco sobre essas estranhas criaturas sedentas por carne humana, grande parte das respostas está nas páginas de Zumbis – O Livro dos Mortos (Editora LeYa, R$ 44,90, 464 páginas). A publicação não é um manual de sobrevivência contra esses inimigos, mas conta com vasto material informativo que promete agradar em cheio cinéfilos que acompanham a inusitada carreira cinematográfica dos mortos-vivos.
"Escrevi o livro porque queria lê-lo. Sempre fui fã de filmes de zumbis e um dia me perguntei o que existia neles que me fascinava tanto", explica o jornalista Jamie Russel, autor do projeto.
É interessante analisar que o ponto inicial para a disseminação das histórias de zumbis foi o livro A Ilha da Magia, de 1929, no qual o escritor William Seabrook relata acontecimentos que vivenciou na então misteriosa ilha do Haiti. O conto influenciou o memorável filme Zumbi Branco (1932) (abaixo) e outras milhares de produções para as telonas.
Apesar de sua popularidade, os monstros sempre figuraram na sombra de outras criaturas pouco mais respeitadas, como vampiros e lobisomens. Seus filmes sem altos investimentos ficaram marcados com a estigma de 'filmes B'. Segundo Jamie Russel, "os zumbis são uma espécie de operários do cinema de horror. Há milhões deles. Os vampiros são mais como os aristocratas. Não tenho certeza se nós precisamos levá-los mais a sério".
A figura degradante dos zumbis causa repulsa, mas é notório que também nos deixa inquietos. Não à toa, é possível encontrar atrações com os macabros personagens em todos os meios. Eles estão rivalizando hoje com o popular universo vampirístico.
"É verdade que os vampiros predominam no mercado, tanto na literatura como no cinema, mas isso ficou tão saturado que abriu as portas para lobisomens, anjos e mortos-vivos", analisa Ademir Pascale, autor do livro Zumbis – Quem Disse Que Eles Estão Mortos?.
O mais recente sucesso do meio surgiu com o seriado The Walking Dead. A atração televisiva tem como base para a adaptação a história em quadrinhos Os Mortos-Vivos, que voltou às bancas no Brasil graças ao sucesso da série. A literatura também foi influenciada e um ótimo exemplo é Orgulho e Preconceito e Zumbis, que traz versão trash do romance Orgulho e Preconceito, de Jane Austen.
Pascale acredita que a onda fez com que materiais de qualidade referentes ao universo dos zumbis cheguem até o público. "Os brasileiros lidam com maturidade com o tema e já existe uma grande gama de fãs sobre o assunto", diz o escritor, lembrando também as ações da Zombie Walk, na qual milhares de pessoas se fantasiam de mortos-vivos no Dia de Finados e seguem pelas ruas. O evento tem ocorrido nos últimos anos em São Paulo e em 2011 não será diferente.


