sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Boyle e Franco Exaltam Superação

O drama pessoal de pequenos personagens chama a atenção do público. Os grandes feitos de desconhecidos mostram o quanto o ser humano pode superar seus limites e atingir o patamar de herói. O diretor Danny Boyle utiliza uma história real em seu novo filme 127 Horas, que estreia hoje nos cinemas brasileiros. O longa-metragem serve como mais um conto capaz de mostrar que vale a pena brigar pela vida, além de apresentar um interessante processo de edição.

O roteiro tem como base um acidente vivido pelo alpinista norte-americano Aron Ralston em 2003. Quando escalava montanhas e cânions em Utah, atividade que estava acostumado a fazer apesar de não ser um profissional, o rapaz acaba escorregando e caindo em uma grande fenda. A queda faz com que seu braço direito fique preso em uma pedra. As 127 horas do título do filme remetem ao tempo em que o protagonista precisa lidar com sua situação limite.

Algumas pessoas já devem ter ouvido falar do que se passou com Ralston, mas poucos chegaram a imaginar seu sofrimento e angústia. O público acompanha os acontecimentos ao observar a performance de James Franco (indicado ao Oscar de melhor ator pelo trabalho) no papel do alpinista amador. A questão é que o rapaz demonstra ter carisma o bastante para não deixar a obra maçante, sendo que durante quase todo o tempo ele está sozinho diante das câmeras.

A exemplo dos jovens de sua geração, Ralston é antenado nas novas tecnologias e aproveita o momento para gravar e fotografar seu tempo e suas ações. Danny Boyle aproveita essa característica de seu protagonista para elaborar inteligentes cortes e diferenciados enquadramentos. Algumas da boas sacadas ficam por conta da câmera que mostra o que ocorre dentro da filmadora do alpinista e os cortes de cena feitos a partir das fotos tiradas.

A maneira ágil como o inteligente cineasta administra o filme o torna bem mais dinâmico do que se espera da saga de uma pessoa presa em uma pedra. Muito desse estilo pode ser visto em seus outros filmes, casos do oscarizado Quem Quer Ser Um Milionário? (2008) e até mesmo o criticado A Praia (2000).

A identificação com algumas questões enfrentadas pelo personagem principal realmente acontece. O desespero de Ralston faz com que comece a relembrar fatos importantes de sua vida. Quando pensa em sua trajetória, as alegrias sempre são acompanhadas de um sentimento de que tudo pode ser perdido a qualquer momento. Passam pela sua cabeça o tormento de não poder se despedir dos pais, a tristeza de não estar mais com a garota que ama e deixou escapar, entre outros pensamentos.

É angustiante, e também engraçado, observar que seus lamentos são feitos ao lado de rochas e no meio do nada, literalmente. Apesar de tudo, o controle do alpinista é prova de que o sedentarismo do ser humano pode ser seu principal inimigo em situação de vida ou morte.

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