Caso você conheça pouco sobre essas estranhas criaturas sedentas por carne humana, grande parte das respostas está nas páginas de Zumbis – O Livro dos Mortos (Editora LeYa, R$ 44,90, 464 páginas). A publicação não é um manual de sobrevivência contra esses inimigos, mas conta com vasto material informativo que promete agradar em cheio cinéfilos que acompanham a inusitada carreira cinematográfica dos mortos-vivos.
"Escrevi o livro porque queria lê-lo. Sempre fui fã de filmes de zumbis e um dia me perguntei o que existia neles que me fascinava tanto", explica o jornalista Jamie Russel, autor do projeto.Adotando estilo dos recentes almanaques, o livro mostra como a lenda sobre a criatura surgiu, os primeiros longas-metragens para o cinema na década de 1930, a popularização dos filmes pelo diretor George A. Romero e a recente fase de projetos para o cinema e televisão. Também há uma filmografia zumbi com títulos lançados no Brasil, como Cemitério Maldito (1989), a trilogia Uma Noite Alucinante (1982, 1987 e 1992), Extermínio (2002) (abaixo) e Terra dos Mortos (2005), e outros que não chegaram oficialmente por aqui.
Apesar de sua popularidade, os monstros sempre figuraram na sombra de outras criaturas pouco mais respeitadas, como vampiros e lobisomens. Seus filmes sem altos investimentos ficaram marcados com a estigma de 'filmes B'. Segundo Jamie Russel, "os zumbis são uma espécie de operários do cinema de horror. Há milhões deles. Os vampiros são mais como os aristocratas. Não tenho certeza se nós precisamos levá-los mais a sério".
O autor de Zumbis – O Livro dos Mortos levanta um importante ponto: os mortos-vivos são figuras modernas, originárias do século 20. Personagens importantes como Drácula e Frankenstein, por exemplo, possuem herança literária que lhes dão certo prestígio em comparação aos 'concorrentes'. "Quando estava escrevendo o livro, todos diziam: 'Quem se importa com filmes de zumbis?'. Ninguém mais diz isso. Os zumbis retornaram dos mortos!", afirma Russel.
"É verdade que os vampiros predominam no mercado, tanto na literatura como no cinema, mas isso ficou tão saturado que abriu as portas para lobisomens, anjos e mortos-vivos", analisa Ademir Pascale, autor do livro Zumbis – Quem Disse Que Eles Estão Mortos?.
Um ponto à favor de sua manutenção na cultura pop de tempos em tempos é que eles têm a capacidade de se adaptar a diversos momentos históricos. Eles já representaram a sociedade norte-americana abalada pela grave crise financeira de 1929 e o consumo insaciável resultado pelo sistema capitalista.
O mais recente sucesso do meio surgiu com o seriado The Walking Dead. A atração televisiva tem como base para a adaptação a história em quadrinhos Os Mortos-Vivos, que voltou às bancas no Brasil graças ao sucesso da série. A literatura também foi influenciada e um ótimo exemplo é Orgulho e Preconceito e Zumbis, que traz versão trash do romance Orgulho e Preconceito, de Jane Austen.
Pascale acredita que a onda fez com que materiais de qualidade referentes ao universo dos zumbis cheguem até o público. "Os brasileiros lidam com maturidade com o tema e já existe uma grande gama de fãs sobre o assunto", diz o escritor, lembrando também as ações da Zombie Walk, na qual milhares de pessoas se fantasiam de mortos-vivos no Dia de Finados e seguem pelas ruas. O evento tem ocorrido nos últimos anos em São Paulo e em 2011 não será diferente.
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