“Devo tudo a uma grande combinação de eventos de sorte”, resumiu Manara sobre sua trajetória na abertura da exposição Milo Manara – Uma Vida Chamada Desejo, em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363. Tel.: 3221-5558), em São Paulo.
A mostra traz ao Brasil centena de obras do homenageado, sendo que o acervo conta com ilustrações, pinturas a óleo, storyboards de filmes – entre eles Barbarella (1968), de Roger Vadim, do qual participou – e originais. A atração é gratuita e segue até o dia 11, de segunda a sexta, das 9h às 22h, e aos sábados, das 10h às 17h. Devido ao teor explícito do material, a exposição é restrita a público com idade acima de 16 anos.
A ligação com as HQs se deve ao fato de que elas proporcionaram liberdade para suas ideias. “Encontrei nos quadrinhos verdadeira arte em série para me expressar. É uma forma narrativa que me deu existência na sociedade em massa”, justifica.A paixão pelas mulheres e pelos desenhos eróticos começou aos 20 anos, época na qual a sexualidade era de extrema importância para o então jovem quadrinista. “No homem, a pulsão não pode ser suprimida. Há a necessidade de se representar as ideias eróticas”, declara.
Hoje, aos 65 anos, Manara ainda busca modelos para suas personagens no cotidiano. “Não invento as mulheres, eu as encontro nas ruas. Me inspiro na realidade. Nas HQs, criamos pequeno elenco mental e as personagens precisam representar certos símbolos”, explica.As deslumbrantes mulheres desenhadas pelo italiano podem ser vistas sem qualquer pudor nas páginas de Clic – Edição Completa (Conrad Editora, 242 páginas, R$ 74,90). A publicação especial reúne os quatro volumes da série, já lançados por aqui, que lhe deu fama em todo o mundo.
Clic mostra as desventuras eróticas vividas pela burguesa Claudia Christiani e as confusões ocasionadas por um estranho aparelho que faz com que a dama se transforme em uma criatura com insaciável libido. Cada vez que o dispositivo é ativado, Claudia se entrega por completo a seus desejos reprimidos.Outro livro que destaca o talento de Manara é Kamasutra (Conrad Editora, 72 páginas, R$ 44,90), no qual faz viagem influenciada pela literatura hindu. Nas páginas, as amigas Parvati e Lulu encontram por acidente um cinto mágico que guarda o espírito de Shiva. O contato com a entidade sobrenatural faz com que a dupla tenha de enfrentar quatro provas sexuais que as obrigam a colocar em práticas as milenares técnicas tântricas do famoso texto indiano do Kamasutra.
Apesar das polêmicas envolvendo o conteúdo explícito dos livros, Manara afirma que seu objetivo é apenas desenhar com paixão. “Se a resposta do público existir, o trabalho é erótico. Se não causar nada, é pornografia. Há a questão da postura. Quando a obra for feita com amor e paixão, ela será erótica e é isso o que faço.”
Após quatro décadas, a sensualidade da mente do Maestro ainda chama a atenção.
Após quatro décadas, a sensualidade da mente do Maestro ainda chama a atenção.
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