A corrida pelo ouro começou em Hollywood. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou na manhã de ontem os indicados para o Oscar deste ano. Sem surpresas e em tom formal, os nomes e títulos foram divulgados e as apostas para saber quem será o vencedor borbulham em todo o mundo.
O respeito por produções britânicas foi mantido com as atenções voltadas para O Discurso do Rei. Com previsão de estreia no País em 11 de fevereiro, o longa concorre a 12 prêmios, entre eles o de melhor filme e o de melhor ator para o favorito Colin Firth.
Seu principal concorrente na briga pelo título de melhor produção de 2010 é o interessante A Rede Social - também conhecido como ‘o filme do Facebook''. A lista também traz Cisne Negro, Bravura Indômita, 127 Horas, Inverno da Alma, O Vencedor, A Origem, Minhas Mães e Meu Pai e a ótima animação Toy Story 3. Como conjunto da obra, é possível que a trajetória da popular rede da internet vença.
O instigante trabalho como ex-boxeador viciado em crack em O Vencedor parece não deixar espaço para que concorrentes tirem de Christian Bale o Oscar de ator coadjuvante.Na disputa de melhor atriz, a elogiada Natalie Portman, de Cisne Negro, sofre pressão da atuação de Annette Bening em Minhas Mães e Meu Pai, mas são baixas as chances de haver surpresa.
Ambas do elenco de O Vencedor, Amy Adams e Melissa Leo surgem como bons nomes para melhor atriz coadjuvante, tendo a última atuação superior no filme. A Rede Social também desponta como grande nome para dar a David Fincher seu primeiro Oscar de melhor diretor. A perspicácia em extrair de um fenômeno cibernético história recheada de intrigas e conflitos humanos tem sido bem vista pelos integrantes do júri que participam também da votação de outras respeitadas premiações.
O Brasil será representado por Lixo Extraordinário, produção feita em parceria com o Reino Unido e que mostra trabalho social feito pelo artista plástico Vik Muniz. O projeto está entre os cinco finalista de melhor documentário em longa-metragem.No dia 27 de fevereiro, quem ganhar o Oscar verá sua vida mudar. E é o sonho de todos sofrer esse tipo de mudança em suas carreiras.

O diretor Edward Zwick (O Último Samurai e Diamante de Sangue) mostra que ainda guarda a sensibilidade dos tempos de Lendas da Paixão (1994) em sua nova obra sobre o amor. Sem grandes problemas, o cineasta consegue administrar o encontro de Jamie com Maggie no meio da década de 1990.
Jamie pouco se importa com o estado de Maggie e os dois iniciam quentes encontros. Em paralelo, o rapaz começa a se dar bem com a venda de um revolucionário medicamento que chega ao mercado e promete acabar com a impotência masculina.
Ao contrário do que se possa imaginar, a redenção apresentada na tela não é a do garanhão que encontra o amor verdadeiro. O foco se vira para o drama médico vivido por Maggie, em outra atuação convincente de Hathaway. A repulsa por um portador de Parkinson se mostra mais forte de dentro da própria personagem. Ao não se permitir viver, ela cria barreira para que os outros não se aproximem demais. Seu novo companheiro lhe serve como chave para um novo mundo repleto de possibilidades e, é claro, amor.
O livro reedita histórias lançadas originalmente em 1998. Apesar da presença do herói, a criatura mais famosa de Eisner acaba ‘emprestada’ para outros respeitados nomes do gênero. Alan Moore, Dave Gibbons, Neil Gaiman, David Lloyd, Moebius e Kurt Busiek, entre outros, revelam suas versões para o protetor de Central City.
As 11 aventuras apresentadas mostram diferentes visões sobre Denny Colt e seu alter ego. Não ficam de fora dos contos figuras como o Comissário Dolan, sua filha Ellen e o vilão Dr. Eugene Cobra, além do cemitério de Wildwood. Os artistas só não podiam matar ou casar o personagem. Cada um presta sua homenagem ao ídolo sem ousadas mudanças – provavelmentre devido ao medo que enfrentaram de ter de apresentar o trabalho a Eisner, conhecido por não gostar muito que sua criação seja tomada por outras mãos.
É interessante observar como uma mesma ideia pode gerar diferentes possibilidades. Enquanto Alan Moore busca ressaltar a origem do herói mascarado e vislumbra o futuro de sua cidade, Neil Gaiman aposta no olhar de um personagem secundário sobre as ações do protagonista. Outro destaque fica por conta da versão bem-humorada e um pouco mais idosa de Spirit pelo roteirista Jim Vance.
A presença de Eisner na publicação está em seus desenhos chamados de pinups, espécie de quadros do herói. A fascinação por Spirit continua após 70 anos e sua importância será reconhecida para sempre.
O livro já chama a atenção por seu protagonista: um peixe corcunda e repleto de pelos que gosta de tocar trompete. Seu jeito sério e a falta de paciência faz com que elabore interessantes observações sobre o que ocorre ao seu redor.
As referências a lugares de São Paulo são ingredientes diferenciais na obra. O personagem passeia pela Praça Roosevelt, passa a frente do Espaço dos Satyros 1 e do Teatro do Ator, anda sob viadutos e chega até a icônica Rua Augusta após passar mal com um lanche do famoso ‘churrasco grego''.
A opção por um peixe como o anti-herói do livro mostra o quão sujo pode ser o morador da Capital paulista. Mas não que isso seja uma coisa necessariamente ruim, mas representa que o conto de fadas na metrópole pode não ocorrer para todos. Os autores afirmam que a obra foi inspirada nas piores ressacas.
O longa-metragem tem como principal trunfo o poderoso elenco encabeçado por Angelina Jolie e Johnny Depp. Os atores se tornaram grandes ícones de Hollywood a partir de grandes sucessos de suas carreiras desde os anos 2000 e do grande apreço dos críticos e do público por seus trabalhos.
O filme mostra Elise (Jolie) sendo acompanhada de perto por agentes da Interpol que investigam seu relacionamento com o procurado ladrão Alexander. Durante viagem para Veneza, ela conhece o professor de matemática Frank (Depp). Ele acaba sendo confundido com o antigo companheiro de Elise e ambos entram em trama envolvendo perseguições, a polícia e um perigoso vilão.
Atualmente marcado por dar vida ao engraçado Capitão Jack Sparrow, da cinessérie Piratas do Caribe, Depp faz atuação contida demais. Sua estonteante companheira de trabalho reprisa ‘carões’ que não caem bem com a personagem em questão. Em resumo: ambos os astros não se esforçam para fazer do longa um filme melhor.
O universo das histórias em quadrinhos sempre pareceu um terreno seguro para uma adaptação do conto do escritor inglês. Muitas ideias de Gaiman parecem fáceis de serem imaginadas ganhando as mais instigantes ilustrações. Momentos como a casa que começa a se desmanchar e quando os ratos que se reúnem para personificar um homem são exemplos dessa bem-sucedida tradução.
A adaptação para a HQ fica a cargo do quadrinista P. Craig Rusel, parceiro antigo do autor e com ilustrações em obras como Mistérios Divinos e a série Sandman. Os desenhos conseguem misturar realidade e fantasia para distinguir os dois mundos. Enquanto tons pastéis caracterizam o universo real, o sombrio e o colorido dividem espaço nos quadros que retratam a vida além da porta misteriosa.
O escritor consegue passar a mensagem de que é preciso ter cuidado com o que se deseja de maneira intrigante e que consegue agradar crianças e adultos. Destaque para pequenas tiradas sutis e alguns aspectos cruéis apresentados na trama. Não à toa Coraline chegou às telas de cinema e, agora, às páginas dos quadrinhos.
A programação da mostra abre hoje a tarde, a partir das 15h30, com exibição de Bonequinha de Luxo (1961), do diretor Blake Edwards. Na cidade de Nova York, a garota de programa Holly (Hepburn) tem o sonho de casar-se com um milionário mesmo que tenha de renegar o amor pelo escritor Paul. O filme foi responsável por fazer do vestido preto usado pela protagonista um dos mais desejados pelas mulheres.
Outra sessão de estreia de Cinema de Moda é o filme The Rocky Horror Picture Show (1975), às 17h30. Com direção de Jim Sharman, o título mistura bizarras situações com personagens não menos estranhos para mostrar as desventuras de um casal que visita bizarro castelo atrás de auxílio para o carro quebrado. O figurino mostrado em cena é referência para muitas fantasias utilizadas nas comemorações do Dia das Bruxas nos Estados Unidos.
O dia é encerrado com Across The Universe (2007), de Julie Taymor, às 19h30. O musical apresenta um retrato dos jovens da década de 1960 tendo como trilha sonora composições dos Beatles. História de amor entre Jude e Lucy é contada ao mesmo tempo em que ações anti-guerra que movimentam a sociedade acabam por separar o casal. O espírito libertário e o vestuário colorido da cultura hippie já renderam diversos filmes e a obra segue na mesma trilha.
Além dos filmes, a mostra conta com palestras e mesas-redondas gratuitas que abordarão assuntos veiculados ao mundo da moda. Assim como nas sessões cinematográficas, os interessados devem retirar senha uma hora antes do início das atividades que desejarem participar. Uma das atrações mais esperadas é a apresentação do produtor cultural Fernando Zelman e do respeitado pesquisador João Braga no dia 25 (feriado em comemoração ao aniversário da Capital paulista), a partir das 16h30, onde irão falar sobre o tema A História da Moda na Cidade de São Paulo.
Há muito mais sobre a moda do que os chiques desfiles com belas modelos. Sua cultura vai muito além disso e encontra no cinema um de seus grandes aliados.
Apesar da animação ser voltada em grande parte para as crianças, muito se fala sobre sua indicação a estatueta de melhor filme. Caso isso ocorra, terá chances para brigar com reais forças pelo envelope com seu nome.
Toy Story 3 vai além de apenas mais uma obra Disney. Cheio de nostalgia e carregado com fortes doses de sentimentalismo, a animação encerra um ciclo pelo qual uma geração inteira acompanhou o que ocorria no quarto de Andy enquanto ele não estava por perto. O estúdio parece entender esse significado e o transformou em uma das melhores produções cinematográficas do ano.
A campanha de marketing da Disney envolve diversos cartazes divulgados nas páginas das principais publicações de entretenimento dos Estados Unidos. A ideia é remeter algumas cenas do longa a outros grandes títulos que venceram o Oscar de melhor filme em edições anteriores.
A possibilidade do desenho animado figurar entre os indicados é grande, principalmente pelo fato de que, desde o ano passado, o número de selecionados para a categoria passou a ser de dez filmes. Na edição de 2009, a Disney/Pixar esteve presente na briga pela estatueta mais cobiçada do evento com UP - Altas Aventuras, dos diretores Pete Docter e Bob Peterson. A primeira vez que uma animação figurou na lista de melhor filme foi na edição de 1992, com A Bela e A Fera (1991).
A Academia de Cinema de Hollywood precisa deixar de lado esse tipo de observação e levar em conta a arte por trás dos filmes. As engraçadas campanhas servem apenas para divertir.
A mudança da abordagem certamente será um obstáculo para que ela figure em lembranças ao lado de ícones da ‘realeza infantil’ da casa como a Bela Adormecida, Cinderela e Jasmine.
A busca em unir o tradicional com o contemporâneo mostrado em Enrolados parece ser o caminho que a Disney quer adotar a partir de agora, com um sistema chamado de O Melhor Dos Dois Mundos. O passado e o futuro se encontram no presente.
Com imagens em preto e branco, Duarte apresenta as pequenas desventuras de um músico que, ao chegar no local no qual irá se apresentar, lembra-se de ter esquecido sua case em um bar. Preocupado com o atraso, o jazzista pega um táxi que tem como motorista um simpático elefante vestido com calça, camisa e suspensórios. O que parecia ser uma corrida simples, acaba se tornando um conto com elementos divertidos e surreais. Não poderia faltar a inesperada surpresa para finalizar a HQ.
Alguns leitores podem achar que o trabalho tenha um ar infantil, mas é a imaginação do autor que caracteriza Taxi. A paixão pelo universo dos desenhos deixou a mente de Duarte aberta para transformar elementos infantis, caso da humanização de animais, em dose de humor certeira. É quase impossível não notar um sorriso sincero no rosto de quem o folheia.
"Os personagens, sempre muito bem escolhidos, delineados por um estilo elegante e preciso, transbordam carisma e carregam o leitor por toda a história", diz a apresentação da HQ. A viagem de táxi atrás de um case esquecida acaba por se tornar uma gostosa fábula.


