segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

São Paulo na Visão de Um Peixe

A vida em São Paulo não é feita apenas de diversão e felicidade. As ruas da cidade são frias o bastante para que seus moradores sejam muito ranzinzas e rudes. É por essa visão da realidade que segue Peixe Peludo (Conrad, R$ 24,90, 96 páginas), obra que faz da escassez de sensibilidade a porta de entrada na cena underground paulistana.

O livro já chama a atenção por seu protagonista: um peixe corcunda e repleto de pelos que gosta de tocar trompete. Seu jeito sério e a falta de paciência faz com que elabore interessantes observações sobre o que ocorre ao seu redor.

O sarcasmo é espalhado por diversos temas. O mundo artístico, a culinária urbana, a influência dos meios de comunicação, e - não poderia ser deixado de lado - os rumos dos relacionamentos são comentados como bêbados conversando em uma mesa de bar.

As referências a lugares de São Paulo são ingredientes diferenciais na obra. O personagem passeia pela Praça Roosevelt, passa a frente do Espaço dos Satyros 1 e do Teatro do Ator, anda sob viadutos e chega até a icônica Rua Augusta após passar mal com um lanche do famoso ‘churrasco grego''.

Peixe Peludo é uma criação de Rodrigo Bueno, responsável pelas ilustrações em preto e branco, e Rafael Moralez, que assina o roteiro. Com o livro, a dupla faz sua estreia em histórias em quadrinhos.

A opção por um peixe como o anti-herói do livro mostra o quão sujo pode ser o morador da Capital paulista. Mas não que isso seja uma coisa necessariamente ruim, mas representa que o conto de fadas na metrópole pode não ocorrer para todos. Os autores afirmam que a obra foi inspirada nas piores ressacas.

Às vezes, a embriaguez relata mais a verdade do que se imagina.

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