sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Uma Vida de Ganância Sem Escrúpulos


Martin Scorsese faz parte da velha guarda de Hollywood. Ele não precisa fazer muito para chamar a atenção dos produtores e do público. Havia quem acreditasse que sua ousadia – exposta em trabalhos como Os Bons Companheiros (1990) e Os Infiltrados (2006) – seria deixada de lado após o ótimo resultado do drama infantil A Invenção de Hugo Cabret (2011). Aos 73 anos, o diretor mostra fôlego e prova que ainda é capaz de extrapolar limites com estilo.

A conhecida visão cinematográfica do veterano, que volta a incluir câmeras lentas em meio a cenas que pedem agitação e a quebra da quarta parede para diálogo direto com o espectador, agora está voltada ao mundo dos negócios. A carta da vez é O Lobo de Wall Street, baseado em livro homônimo que revela a vida de excessos de Jordan Belfort (vivido por Leonardo DiCaprio em nova atuação de qualidade, marcando sua quinta parceria com o cineasta).

O protagonista é um ex-corretor de Nova York que começa a juntar dinheiro enganando seus clientes com ações vendidas fora dos pregões tradicionais. Como ele diz em alguns momentos, não importa como todo o sistema da malandragem funciona, o que importa é que os milhões de dólares não paravam de chegar, inclusive para o sócio Danny (Jonah Hill, comprovando talento em papéis maduros).

Em tempos em que cantores brasileiros apostam no chamado funk ostentação’ para falar de vidas luxuosas, Belfort coloca todos no bolso. O gasto de US$ 2 milhões em sua despedida de solteiro em Las Vegas é apenas um exemplo da realidade que se transforma a rotina do empresário movido a todos os tipos de entorpecentes.

Scorsese se aproveita do universo de drogas, sexo e rock n’ roll dos novos ricos para explorar o lado mais ambicioso do ser humano. O enredo é repleto de momentos um tanto quanto chocantes para o público puritano, mas Belfort não tem tempo para ser bonzinho. Como um vendedor ganancioso, o milionário sabe onde quer chegar, mesmo que seu caminho seja objeto de atenção do FBI. A câmera do diretor tenta mostrar como o lobo se lambuza – e se afoga – em sua própria fome.

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