sábado, 28 de março de 2009

Na frente do palco - Just a Fest



“Show é o resto, isso que o Radiohead fez deve ter outro nome!”.

Estas foram minhas primeiras palavras após o fim do Just a Fest, festival brasileiro recém-nascido onde se apresentaram neste ultimo domingo (22/03/09): Los Hermanos, Kraftwerk e Radiohead. Frase que para mim expressa muito bem a sensação ao final da festa. Sou fã de duas das bandas que participaram, estão esperem opiniões bem tendenciosas daqui para frente. rs


A organização colaborou e os Los Hermanos subiram ao palco no horário prometido, 18h30. O quarteto acompanhado pelo trio de metais que a muito não tocava com eles esteve muito à vontade no palco. Camelo e Amarante tiraram versos e refrões inteiros das cerca de trinta mil pessoas presentes no evento. Marcelo pareceu mais descontraído, conversava e brincava com a platéia, Rodrigo, estava mais introspectivo, mas não menos emocionado. Os quatro Hermanos tocaram músicas de todas as fases da banda, inclusive algumas que tiveram muito pouco contato com o formato ‘ao vivo’, como “Cher Antoine”.

A abertura do show com o quarteto carioca foi mais uma celebração, como uma festa de recepção a um amigo que por muito tempo esteve distante. Público e banda mataram as saudades um do outro e celebraram juntos entoando canções que ambos sentiam saudades. Fica agora o desejo do retorno.


Passada a euforia da abertura, que um pouco de garoa ajudou a acalmar, subiu ao palco o robótico e preciso Kraftwerk. Outro quarteto, mas este diferentemente do primeiro não faz dancinhas alucinadas e nem interage muito com o público. Não que eles precisem ser algo diferente, o Kraftwerk é famoso por ser assim. Parte do show são as imagens que rolam nos dois telões laterais do palco e um ao fundo. Os alemães mostram seu lado V.J. (não os da MTV que na verdade distorceram a real função dos Vídeo Jockeys) interagindo e, em alguns momentos até, traduzindo suas músicas com vídeos. Tornando a experiência do show algo maior.

O pioneirismo destes vovôs da música eletrônica é reconhecido até por seus influenciados, incluído aí o Radiohead. Discos como ‘Kid A’ e ‘Amnesiac’ são reflexos da música eletrônica em seus primórdios, que é onde o Kraftwerk ascendeu.


Diferentemente do que muitos pensavam, que grande parte do público tinha ido ver apenas os Hermanos, a platéia se apinhou como nunca após o show do quarteto eletrônico. Todos em busca de uma frestinha para ver um Thom, um Ed ou um Johnny. E assim que o quinteto finalmente subiu ao palco a euforia voltou.
Na primeira música ’15 Step’ os ingleses pareciam estar testando o público brasileiro, talvez incertos da resposta que teriam. O resultado foi que logo na segunda música, ‘There There’, mostramos que aquelas pessoas ali não eram estranhos. Eram trinta mil fãs que esperavam por mais de uma década por aquele momento. De ‘There There’ em diante a banda se soltou, o sempre simpático Ed O’Brian brincava com a platéia, Colin (o mais animado) pulava, incentivava a platéia e recebia eufórico o coro com seu nome, Johnny sempre introspectivo parava por alguns momentos e contemplava as pessoas ao seu redor, Phil foi preciso e compenetrado todo o show e Thom se soltou mais e mais a cada música, chegando a provocar riso no público brincando com a câmera que o filmava em ‘You and Whose Army?’.


‘In Rainbows’ reinou na noite, foi tocado na integra. ‘Kid A’, ‘Amnesiac’ e ’OK Computer’ também apareceram bastante, ‘Pablo Honey’, ‘Hail to the Thief’ e ‘The Bends’ foram mais tímidos. Eu como todo fã, tinha um setlist bem diferente em minha mente e senti falta de músicas como ‘I Might be Wrong’, ‘Airbag’, ‘2+2=5’, ‘Go to Sleep’; enfim, cada um tem suas preferidas, mas o Radiohead foi coerente e agradou quase a todos. Inclusive tocando ‘Fake Plastic Trees’ e ‘Creep’ num ultimo bis inesperado. ‘Adivinhem qual é esta!’ disse Thom ao subir ao palco para cantar a despedida do Radiohead em São Paulo.


Lá no começo eu disse que o que o Radiohead fez naquela noite foi algo além do mero ‘show’, do alto do palco desciam grandes tubos luminosos que faziam um show a parte, trocando de cores e se adequando ao ‘clima’ de cada música, chegando até a 'fazer chover' no palco em 'Paranoid Android'. Enquanto ao fundo rolavam imagens dos cinco músicos filmadas em tempo real. Uma pequena evolução no âmbito do entretenimento musical.


Li um tempo atrás em uma revista, uma frase que para mim se provou verdadeira neste show, “O futuro da música pertence ao Radiohead”. Eu completo dizendo: Hail to the Radiohead!



See you Space Cabeça de Rádio.

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