quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Aos pedidos de minha visão sobre o filme


Ensaio sobre a cegueira de Fernando Meirelles 2008


Fernando Meirelles desde que dirigia um dos jornais documentário da TV Cultura sempre soube colocar a imagem e a justaposição delas a favor de sua crença. Era um documentário sobre Punks da década de 80 onde pela montagem com o seu fiel parceiro Daniel rezende, faziam os punks desnorteados pela falta de informação parecerem um bando de idiotas sem causa.

Vieram outros filmes e sempre Meirelles se disfarçou de gente baixa pra poder ver o que o ironizava: Domésticas, traficantes, ao contrário de Walter Salles que sempre não escondeu seu ponto de vista de analisar o objeto que filma: sertões, revolucionários.

Agora, para que sua vivencia de publicitario se justificasse, precisava fazer um filme nacional (em investimentos ele é brasileiro, canadense e japonês) mas com elenco que desse visibilidade lá fora (no elenco). É uma visão no mínimo ambiciosa. O filme emplacou, e teve inclusive a abertua de Cannes 2008 pra "experimento" sendo assim, duramente criticado. Talvez porque muitos queriam saber o porque a distribuidora forçou o filme pra estréia nas ultimas semanas!

O filme em si, teria de trabalhar uma epidemia de cegueira, e uma das maneiras de que Meirelles achou convincente, seria sua parceria com o Charlone. A cegueira no cinema, não deveria ser para fade black, mas para fade white. Melhor, pois a sensação de refração, flashes, imagens de imagens, foques em primeiro plano e sempre desfoques em segundo ajudam para que a atmosfera do filme seja densa.

A densidade que "Ensaio..." me trouxe foi a mesma que "Requien para um Sonho" de Darren Aronofsky, porém, mais palatável que o exemplo citado, que depois de primeira vista, se torna um filme inflado, clipado e subestimado.
Cai a originalidade do filme, quando por opção juntan-se diferentes raças como quem junta diferentes raças de peixes no aquário para ver no que dá. Dali em diante forma-se uma nova sociedade com novas regras de sobrevivencia, sempre dependendo de alguem que no meio dos cegos, enxerga, mas omite. Se omite ao ponto de esperar que s condições humanas cheguem a limite da sovbrevivencia de mais um novo quadro que se repete: dos mais fortes ou espertos se sobrepujarem aos mais timidos e contidos.

Aquilo que se vê ali não é novo, é apenas com uma roupagem não usualda visão, ou parte dela, unida a uma trilha sonora e ruídos, que conduz os personagens desorientados e a nós. O trunfo do filme, é nos passar a sensação da quase cegueira da unica personagem que enxerga. Juliane Moore, desde Boogie Nights é impecável em ser a veia sensivel. Nota-se isso em Fim de caso de Neil Jordan, Magnolia de PT Anderson e Longe do Paraíso de Todd Haynes.

Sua vinda do universo publicitário, junto ao seu olhar de cima, causa em boa parte da critica, irritação pelo filme vir tão "perfumado". A mim, vejo que a Srta Barata (produtora), Charlone (fotografo), Rezende (montador) e Meirelles, funcionem com um núcleo muito competente de se mostrar filmes para o exterior numa lingua que não seja "bairrista".

Dois belissimos momentos do filme, vem na hora de se ouvir música pelo radio (aqui, musica popular portuguesa para se agradar Saramago, fato) e quando o Japoneis recupera a visão. Prova de que mesmo sendo o homem do cinema plástico, Meirelles sabe conduzir cenas mais sensiveis.

Ponto negativo para o diretor que em entrevista para o programa roda vida na Cultura, disse temer que as sequencias finais parecessem filmes de Zumbi, pois ele não gosta de filmes de Zumbi. Imediatamente um dos entrevistadores o questionou que George Romero é diretor de excelentes filmes de Zumbi que inclusive, algumas das tais sequencias do filme de Meirelles, lembra Romero. Imediatamente Meirelles disse não ter visto, o que me colocou sua credibilidade em risco, pois qualquer ser humano que um dia viu um filme do Septuagenário diretor, sabe que existe uma evidência nestes dois filmes.

Mas vale a pena uma releitura deste filme que impressiona no dia, passa o tempo, decai, mas sem se tornar peça provocativa e elitista, pois afinal, sua estética é talentosa.

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